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Presidente do Ceará é investigado pela polícia por emitir valor milionário em notas ‘frias’, revela jornal

Presidente do Ceará, João Paulo
Presidente do Ceará, João Paulo. Foto: Arquivo pessoal

Presidente do Ceará, João Paulo Silva está sendo investigado por ter emitido, durante sua gestão, R$45 milhões por emissão de 85 notas fiscais “frias” entre abril e dezembro de 2023 contra sua antiga patrocinadora master, a Estrela Bet. Além do mandatário, outras oito pessoas são investigadas por suspeita de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro do clube e apropriação indébita. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (19), pela Folha Uol.

Camisa Ceará feminino
Foto: Gledson Jorge / Ceará SC

No início do ano passado, o Alvinegro oficializou a Estrela Bet como a maior patrocinadora da história do clube, até aquele momento, e o acordo era de R$10 milhões por temporada, com vínculo de abril 2023 até 2026. De acordo com a Folha Uol, o clube se utilizava deste contrato para gerar notas ficais falsas, totalizando em R$45 milhões em 2023. O que acontecia: as notas ficais eram emitidas, o clube ia até a CVPar – uma empresa de fundo de investimentos – e pedia empréstimos e dava as notas como garantia. A nota era aceita pela empresa e, até 72h depois, o clube cancelava a nota.

Então patrocinadora master, a Estrela Bet não pagava nada com esta ação. Porém, cada vez que o clube emitia e cancelava uma nota fiscal, a patrocinadora era informada. Com isso, a casa de aposta comunicou ao Ceará que não fizesse mais este tipo de ação, informando ser irregular. Porém, como, segundo afirma a reportagem da Folha Uol, o clube seguiu fazendo e a bet rompeu, de maneira unilateral, o vínculo com o clube, afirmando que não queria ter nenhum envolvimento nisso e que fazendo aquilo o clube estava praticando um era crime.

À reportagem, a CVPar disse que se “o eventual cancelamento, se não comunicado, não é sabido (pelo fundo)” e ainda continuou “Contudo, a operação segue lastreada em contrato e demais garantias“. Em nota, a empresa afirma que “Destacamos que a origem e a solvabilidade dos títulos negociamos são de responsabilidade do cedente da operação, que no caso concreto era o CSC, a que o credor poderá exigir o cumprimento da obrigação de recompra em caso de vício e/ou questionamentos“.

O escritório do advogado Cláudio Valle recebeu 8% do arrecadado pelas notas junto aos fundos de investimentos CVPar II, Veritá e NSP, o total de R$1,9 milhão. Valle é o CEO. A empresa disse à Folha que “as operações são legítimas, regularmente lastreadas dentro da política de elegibilidade de créditos constantes do regulamento e foram devidamente liquidadas” e ainda afirmou que o Ceará tem um “regular histórico de operações liquidadas, possuindo orçamento e receitas suficientes para honrar seus compromissos“.

O QUE DIZ O PRESIDENTE DO CEARÁ

À Folha Uol, João Paulo Silva afirmou que, sim, emitia as notas e as cancelava posteriormente. Porém, nega ter cometido irregularidades. Recentemente, o presidente convocou uma reunião com sócios proprietários para falar a respeito desta investigação. Ele também publicou um vídeo em suas redes sociais e afirmou que ainda não tem conhecimento de mais detalhes da investigação, que está sob sigilo judicial.