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Torcida do Ceará
Foto: Fausto Filho / Ceará SC

OPINIÃO | Clássico-Rei: um espetáculo que pode ficar incompleto sem as organizadas

O Clássico-Rei, sempre um espetáculo de paixão e rivalidade, está prestes a ser jogado sem uma de suas principais características: as torcidas organizadas. No último final de semana, episódios de violência voltaram a manchar o futebol cearense. No sábado (25), durante Fortaleza x Horizonte, no estádio Domingão, membros de torcidas organizadas do Fortaleza entraram em conflito. No domingo (26), foi a vez das torcidas organizadas do Ceará protagonizarem cenas lamentáveis no estádio Presidente Vargas (PV), durante a partida diante do Ferroviário, pelo Campeonato Cearense. A confusão interrompeu o jogo por cerca de cinco minutos, expondo mais uma vez um problema que parece longe de ser resolvido: a violência nos estádios.

briga organizada do Ceará
Foto: Aurelio Alves / O POVO

Como resposta, o Tribunal de Justiça Desportiva de Futebol do Ceará (TJDF-CE) determinou, na última segunda-feira (27), a suspensão da presença das torcidas organizadas Cearamor e Movimento Força Independente (MOFI) em todos os jogos do Ceará, seja como mandante ou visitante. O clube deverá garantir que nenhuma pessoa com roupas, bandeiras ou outros símbolos dessas organizadas entre no estádio enquanto durar a punição.

A decisão é compreensível diante da gravidade dos fatos, mas gera questionamentos sobre o impacto para o time e para a experiência dos torcedores. As organizadas são conhecidas por liderarem a festa nas arquibancadas e incentivarem os jogadores em campo. No Clássico-Rei, marcado já para o dia 8 de fevereiro, sua ausência poderá ser sentida caso a punição, válida inicialmente até o dia 5 de fevereiro, seja prorrogada. Afinal, trata-se de um dos jogos mais aguardados do ano, e a energia vinda das arquibancadas é parte essencial do espetáculo.

Torcida Ceará x Fortaleza / Clássico-Rei / Fortaleza x Ceará
Clássico-Rei. Crédito: Reprodução

Entretanto, é impossível ignorar os prejuízos causados pelas ações violentas de alguns integrantes das organizadas do clube. Esses episódios não só colocam em risco a segurança de torcedores, como também afastam famílias que desejam vivenciar o futebol como um momento de lazer e união. O crescimento da presença de mulheres, crianças e idosos nos estádios reflete um avanço importante na democratização do esporte, mas a reincidência de brigas e tumultos compromete essa conquista, representando um retrocesso para o time que é DO POVO, trazendo de volta o receio de frequentar o estádio.

Embora o clube não seja responsável por atos individuais, é preciso reconhecer que a relação com as organizadas exige reflexão. Torcedores que carregam as cores do Ceará nas arquibancadas precisam compreender o peso de suas ações. Medidas como o reconhecimento facial nos estádios, anunciadas pelo prefeito, Evandro Leitão, durante reunião na última segunda-feira (27) com clubes e a Federação Cearense de Futebol (FCF), são um avanço, mas a solução definitiva depende da conscientização e mudanças culturais.

Confronto na torcida do Ceará
Foto: Aurélio Alves/O Povo

Clássico-Rei: maior patrimônio do futebol cearense

O Clássico-Rei, maior patrimônio do futebol cearense, pode perder parte de sua essência sem as organizadas. Porém, é preciso questionar: o que vale mais, a festa na arquibancada ou a segurança de todos? O Ceará, que se posiciona como um clube para o torcedor, deve continuar buscando formas de equilibrar este cenário, cobrando responsabilidade de suas torcidas e colaborando com medidas que garantam paz nos estádios.

Sem mudanças, o risco é que episódios como os do último final de semana se repitam, e o futebol cearense perca ainda mais a confiança de quem deveria ser o maior protagonista desse espetáculo – o torcedor.

Ceará x Fortaleza / Clássico-Rei
Clássico-Rei no Campeonato Cearense. Foto: João Moura

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