Alguns clubes têm um “DNA”, um jeito de jogar ao qual a torcida mais se identifica. Todo são-paulino, por exemplo, espera um time ofensivo que jogue bonito como o time de Telê Santana. O mesmo acontece com torcedores do Real Madrid.
Lembro que na época do Mourinho no Real, o maior questionamento é que ele não jogava bonito como e torcida gostaria. Até o nosso rival tem como característica jogar pra frente e, mesmo que vá parar na terceira divisão, preferem assim.
Bem, quanto ao Ceará, é como disse Albeci Júnior, nosso novo diretor de futebol, o DNA do Vozão é um time de “garra, luta e transpiração”. Semelhante ao Corinthians-SP, por exemplo.
Voltando na história recente, nossos técnicos de sucesso tinham todos esse perfil. Quem não lembra de PC Gusmão e seu “Trio de Ferro” formado por Heleno, Michel “Guerreiro” (olha que apelido alvinegro!) e, principalmente, João Marcos – o João de Ferro – se tornaram ídolos, especialmente este último. Não por jogarem bonito, mas por transpirarem muito com a camisa alvinegra, mostrando garra e luta os 90 minutos.
O próprio Sérgio Alves, um dos maiores da história de Porangabuçu, era um jogador de muita garra e transpiração. Ele e João Marcos são nossos grandes ídolos recentes e estiveram no histórico acesso de 2009.
A geração do IPTV, que se acostumou a ver jogo bonito de CR7 e Messi, talvez nunca entenda a importância de uma única cena. Em 2010, após 16 anos longe da primeira divisão, o Ceará joga o Brasileirão daquele ano e vence por 2 x 1 o Santos de Neymar. Aquele Santos é, sem dúvida alguma, o time brasileiro que jogou mais bonito nos últimos 20 anos e Neymar é o maior craque do Brasileirão desde Edmundo.
Pois bem, João Marcos marcou, “meteu a chibata”, como falamos no cearensês, e anulou Neymar. No fim do jogo, ainda mandou o clássico “vem, Neymar”, que virou até funk, quando o craque quis partir para briga após a marcação do nosso “João de Ferro”.
Foi uma vitória clássica e nosso treinador era nada mais, nada menos do que o Soldado Alvinegro Dimas Filgueiras – máximo respeito, para mim o maior ídolo da história do clube. Rei da retranca, da marcação forte! Dimas manteve o Ceará na primeira divisão e classificou o time pra Copa Sul-Americana naquela campanha surpreendente!
Após PC e Dimas, Silas Pereira venceu o Bahia na final da Copa do Nordeste em 2015 de forma reativa nos dois jogos das finais, sem dar chances ao tricolor baiano. O nosso técnico seguinte de sucesso foi Guto Ferreira, que ganhou a Copa do Nordeste de forma invicta e fez a melhor campanha da história do Ceará na Série A em 2020, jogando da mesma forma que Dimas, consagrando Fernando Sobral de terceiro homem de meio-campo. O que Sobral tinha? Muita força, garra e transpiração. E isso nós amamos!
Esperamos que a nova comissão técnica compreenda e possa implantar o verdadeiro “DNA” do Ceará, como pede nosso diretor de futebol!
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