OPINIÃO | Guto irreconhecível no comando do Ceará

Um time que não empolga, é o mínimo. Porém antes fosse somente isso. Um time que não vence e isso preocupa. Muito! Guto Ferreira foi um dos nomes mais aclamados como treinador do Ceará nesses últimos anos, principalmente devido a ótima campanha do Vovô na Série A do Brasileirão 2020, conquistando a melhor colocação do clube na história da competição.

O que vemos neste retorno do treinador é extremamente oposto. Até aqui foram seis jogos, com dois triunfos, dois empates e duas derrotas. Porém, com exceção do jogo diante do Botafogo-SP, em que o Vovô teve uma boa postura, e do confronto com o Vila Nova-GO, em que não tomou sustos, todas as outras apresentações do time foram sofríveis. Não só de assistir, mas também de justificar.

O Ceará tem a maior folha salarial da Série B, um dos elencos com mais jogadores que atuaram na Série A e com experiência em grandes competições. Porém, não consegue engatar uma sequência de vitórias. Coisa que para quem quer subir é essencial.

Guto piorou, acreditem se quiser, o que já era ruim na época em que Eduardo Barroca era o treinador. Onde o time era horrível em casa e tinha fragilidades defensivas tão visíveis que qualquer torcedor mirim do Vovô conseguiria enxergar, mas vencia bem seus jogos fora, inclusive vencendo adversários duríssimos como Atlético-GO e Criciúma-SC.

Com Guto Ferreira, é fato que a defesa melhorou, mas o ataque parece que nunca atuou junto. Falta entrosamento, senso de posicionamento e o principal, fome de vencer. O time briga até, mas brigar todo time é capaz, com o dinheiro investido e as peças que compõem o elenco do Ceará, essa campanha pode ser considerada um vexame para o clube.

Sport-PE, que foi nosso vice-campeão no duelo pela Copa do Nordeste, está nadando de braçadas rumo ao acesso à elite e quem sabe até ao título. Isso com um treinador do nível do Guto e um elenco pior, comparando nome a nome.

CURTO TEMPO ATRAPALHA GUTO NO CEARÁ

Particularmente gosto do Guto Ferreira, entendo o modelo de jogo e a estratégia que ele é adepto. Porém, muitas escolhas erradas que ele próprio fez estão minando o desempenho do time e muito disso é em função dele não ter um conhecimento amplo sobre o próprio elenco.

O treinador do Vovô não teve tempo e nem terá para conseguir conhecer melhor as peças que tem e poder maximizar o desempenho de todos. Antes de Barroca sair, tivemos um hiato de 15 dias que seria perfeito para qualquer novo treinador se adaptar ao elenco e pensar numa melhor abordagem de jogo pensando no objetivo.

Mas, a diretoria fez o favor de manter Barroca e acabou por ser uma decisão terrível que comprometeu demais o desempenho do time e que está respingando só agora com essa fase ruim sob o comando de Guto Ferreira.

A grande verdade que nenhum torcedor pensa em admitir é que o acesso está ficando cada vez mais distante e que se esse desempenho continuar assim, Guto não dura mais sete jogos e iremos para o quarto treinador na mesma temporada, uma receita que Robinson de Castro seguiu e nos levou direto ao fundo do poço.

O Guto de 2023 precisa ser mais o “Guto de 2020”, fazer o famoso “arroz com feijão”, sem inventar na escalação e treinando o time para jogar em transição, de forma reativa, da forma com que ele sabe fazer e já provou isso “N” vezes. Mas, se continuar sendo o “Guto de 2023”, vai ver o Ceará terminar a competição sem estar sob o seu comando.

Não acho que demissão seja solução, mas é preciso um trabalho mais homogêneo e direcionado por parte do nosso treinador. Futebol não é sorte, é planejamento, análise e execução. Se não tiver nada disso, o objetivo (que muitas vezes não é fácil) não é alcançado e todos sabemos que não voltar à Série A o quanto antes pode ser extremamente prejudicial ao futuro do Ceará Sporting Club.