OPINIÃO|Quem avalia o avaliador do Ceará?

(Quis custodiet ipsos custodes?) é uma frase em latim do poeta romano Juvenal, traduzida como “Quem há de vigiar os próprios vigilantes?”. Gostaria de iniciar essa coluna fazendo uma analogia com o brocardo acima, porém, adaptando à realidade do Ceará para questionar: Quem avalia o avaliador (dos jogadores)? Ou sendo mais objetivo, quem avalia o trabalho do técnico Vagner Mancini?

A torcida alvinegra não pode esquecer que o atual treinador chegou quando o clube ainda tinha (remotas) chances de acesso à Série A do Brasileirão e, após duas vitórias em seus dois primeiros jogos, o rendimento da equipe caiu vertiginosamente apresentando um futebol horroroso de se ver, principalmente fora de casa.

E tudo isso gerado por uma série de escolhas equivocadas do técnico, além do seu histórico em partidas fora de casa. Para quem não lembra, em sua passagem no Ceará de 2011, a equipe venceu apenas um jogo fora de casa em todo o período que Mancini esteve a frente da equipe na Série A, com atuações pífias fora da capital.

Como dito na minha última coluna publicada, a única certeza sobre 2024 no Vozão é a permanência da comissão técnica, mesmo sem a contratação do novo executivo de futebol e a opinião deste sobre a competência do treinador.

Aliás, segundo notícias, o novo assessor do departamento de futebol e o coordenador de futebol iniciarão seus trabalhos na data de hoje, terça-feira (07). Contudo, em um primeiro momento, não se sabe qual a relação de ambos com o técnico Mancini, nem se aprovam a permanência deste para os trabalhos do ano vindouro.

Será que o treinador que insiste com Léo Santos de volante com toda sua lentidão e falta de combate (não ganha uma dividida), mesmo com Zé Ricardo no elenco, que já mostrou o seu valor, merece tanto crédito assim para avaliar o elenco?

Será que o treinador que amarga sete participações em rebaixamentos na carreira e que recebeu carta branca e montou o elenco do América-MG para a Série de A 2023 – (hoje lanterna do campeonato – com Felipe Azevedo, Ricardo Silva – zagueiro que foi revelado pela base do Ceará em 2013 e ficou conhecido como Potiguar -, Nino Paraíba, Wellington Paulista e etc., merece toda essa certeza de permanência da diretoria?

Quem está avaliando o trabalho do treinador que até aqui tem uma campanha em 10 jogos de três vitórias, quatro derrotas e três empates?

Será que o executivo que vai chegar (se chegar), terá a dimensão do que é aceitar um convite do clube ciente da permanência de um treinador de passagem até aqui medonha e de histórico não formidável? Será que não é esse motivo que está impedindo de algum profissional topar esse desafio?

Ademais, quem conhece sabe que na primeira proposta de um time em uma prateleira maior haverá um grande risco para o abandono do “projeto” pelo treinador, cuja prática é reiterada durante sua carreira.

Tendo dito isto, será que no Ceará alguém já avaliou o avaliador? Ou melhor, quem avalia o avaliador do Ceará?