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OPINIÃO | Quem será o Ceará de Vagner Mancini em 2024?

Vagner Mancini, técnico do Ceará / TBT
Foto: Thiago Gadelha / SVM

Afinal de contas, será que o treinador Vagner Mancini vai conseguir cumprir no Ceará o que promete nas coletivas? Vamos aos fatos e aos números.

O técnico alvinegro tem dito reiteradamente nas coletivas pós-jogos, bem como reafirmou na coletiva da última quarta (22) no CT de Porangabuçu, que foi contratado para tentar um acesso que já estava no campo do (quase) impossível, mas com olhos visando o planejamento do ano de 2024, quando o acesso à Série A do Brasileirão não pode ser frustrado, sob pena do Ceará passar por uma crise ainda maior (e talvez mais letal).

Para isso, Mancini promete montar um elenco forte e trabalhar para ter uma equipe agressiva, com muita transição ofensiva, pouca posse de bola, marcação alta e muita intensidade. Mas, analisando (principalmente) os últimos trabalhos de Mancini, e em especial suas duas passagens pelo Ceará, será que o treinador irá conseguir essa façanha em um time de Série B com orçamento razoavelmente modesto?

Vagner Mancini, técnico do Ceará
Vagner Mancini, técnico do Ceará. Foto: Felipe Santos / Ceará SC

Vamos lá! Tudo que você irá ler daqui para frente sobre o trabalho do técnico alvinegro encontra-se no mundo dos fatos e dos números. Então, é bem difícil discutir com essas informações a menos que você seja um idealista.

Antes de chegar no Ceará, Mancini estava no América–MG e deixou o clube posicionado na última posição da Série A, com a pior defesa do campeonato e um aproveitamento pífio perto da casa dos 10%. No total em sua passagem pelo clube americano, venceu 37 partidas, empatou 11 e perdeu 35 confrontos, com 47,3% de aproveitamento.

Vale lembrar que o atual quarto colocado da Série B (Vila Nova-GO) tem um aproveitamento de 55% e precisa de mais uma vitória para garantir o acesso, o que vai aumentar esse número de aproveitamento. Já no Atlético-GO, clube anterior ao América-MG, o treinador comandou o time em 18 partidas, sendo 15 na Série A e três na Copa do Brasil, com cinco vitórias, seis empates, sete derrotas e aproveitamento de 38%.

No Corinthians, teve 54% de aproveitamento, número este que chega mais próximo do que precisamos para subir à primeira divisão. Mas, sabemos que o alvinegro paulista possui um orçamento poderoso e camisa extremamente pesada que, por si só, geralmente inflam o número de qualquer profissional.

Esses são os trabalhos recentes de “mais destaque” do treinador do Vozão que, como visto, não é nada tão significativo e nem de longe passa a confiança necessária para um projeto longevo e vencedor que a torcida alvinegra tanto sonha.

Falando de Ceará, o que me deixa extremamente preocupado é o desempenho de Mancini, principalmente fora de casa. Em sua passagem de 2011, na Série A, em 11 jogos fora da capital cearense, o Vozão venceu apenas um, perdeu sete e empatou três. Fez oito gols e tomou 24, com saldo de – 16 gols e aproveitamento de apenas 18%. No geral, foram 23 jogos, com sete vitórias, seis empates e 10 derrotas e um aproveitamento de 39%.

Vagner Mancini , Ceará
Vagner Mancini em sua passagem pelo Vozão em 2011. Foto: Divulgação / Ceará SC

Agora em 2023 os números são mais assustadores. Longe dos domínios alvinegros, Mancini comandou o Vozão em seis jogos, não venceu nenhuma partida, perdeu quatro e empatou duas vezes (sendo uma na “bacia das almas”, aos 54 do segundo tempo). Fez cinco gols e tomou 13, com saldo negativo de oito gols e o esdrúxulo aproveitamento de 11%.

Parece-me, que passados 12 anos desde a primeira passagem, o treinador não evoluiu em sua carreira, sobretudo no quesito “jogar fora de casa”.

Pode até parecer uma preocupação desmedida, mas é uma reflexão baseada em números e fatos, embora eu tenha a consciência que futebol não é matemática. Contudo, muito me preocupa ao analisar essas situações e ver algumas atitudes tomadas durante a carreira do atual técnico alvinegro.

Ao final de tudo, torço para estar errado e que o Vozão de 2024 seja tão lindo quanto o Ceará esboçado nas coletivas do Vagner Mancini, embora até hoje o profissional não tenha conseguido desenhar, de fato, algo parecido.

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