Meu Vozão Ceará Sporting Club
Dimas Filgueiras, ídolo do Ceará.
Foto: Arquivo pessoal

Dimas Filgueiras e a história de superação na juventude: “Foi independente a vida inteira”

Falecido no último dia 22 de dezembro, Dimas Filgueiras recebeu homenagens em missa de 7º dia que foi realizado na sede do Ceará, na última quarta-feira (28). Em entrevista ao podcast do Diário do Nordeste, sua filha mais nova, Vânia Filgueiras, que foi convidada para ser embaixadora da equipe de vôlei feminino do Vozão, revelou história de superação do Soldado Alvinegro.

Para chegar onde chegou, Dimas não teve facilidades. Desde cedo passou por momentos difíceis, a começar por dentro de casa. De acordo com revelado por sua caçula, o pai do ídolo do Vovô tinha problemas com alcoolismo e agredia sua esposa, mãe de Dimas.

Não aguentando mais vê-la sofrer, o ainda jovem Dimas Filgueiras tirou sua mãe de casa para que ela pudesse ter uma vida de paz e sem ser vítima de violência doméstica. Ainda nas categorias de base do Botafogo-RJ, ele enviava todo o seu ganho, que não era muito, para ajudar no sustento de sua mãe.

Dimas Filgueiras, ídolo do Ceará, foi revelado pelo Botafogo-RJ.
Dimas Filgueiras, ídolo do Ceará, foi revelado pelo Botafogo-RJ. Foto: Raphael Andriolo / Globo Esporte

Anos depois, Dimas Filgueiras fez história. Jogou no “Fogão” com ninguém menos que Mané Garrincha e era responsável por escrever cartas para o “craque das pernas tortas”. Depois, saiu do clube carioca e chegou na capital cearense em 1971, quando atuou no Fortaleza.

No ano seguinte, em 1972, foi quando passou a vestir o preto e branco do Alvinegro de Porangabuçu, local onde construiu um grande laço. No Vozão, foi jogador, técnico do time profissional e da base, supervisor, gerente, diretor de futebol e presidente de fato.

Por toda sua história, se tornou o maior ídolo da história do Ceará Sporting Club e, como consequência, ganhou o apelido de “Soldado Alvinegro” por estar sempre pronto para servir ao clube quando era “convocado”.

RELATO DA FILHA DE DIMAS FILGUEIRAS

O ídolo do Alvinegro prestou serviços em Porangabuçu entre 1972 e 2018 – mas não de maneira ininterrupta -, quando se aposentou totalmente do futebol. Dimas foi diagnosticado com Alzheimer. Mas, já idoso e com a doença avançando, acabou precisando de cuidados especiais de profissionais da área da medicina e também de familiares, tendo ficado internado por quase dois anos.

Por ter tido uma vida muito independente, já que desde muito novo começou a trabalhar e sustentar sua família, como foi citado no início deste texto, a degeneração causada pela doença foi algo que o fez sofrer, principalmente pelo longo período que passou no hospital. Até que em novembro deste ano foi liberado para retornar ao seio de seu lar e ficar com sua família até os dias finais.

“Ser dependente de alguém é muito ruim e para ele que foi independente a vida inteira… Meu pai saiu de casa muito novo. Meu avô por parte de pai era alcóolatra e meu pai tirou minha avó de casa porque meu avô a agredia. Todo dinheiro que ele ganhava na base do Botafogo dava para minha avó. Meu pai não bebia”, contou a filha mais nova, Vânia, emocionada.

Dimas Filgueiras
Dimas Filgueiras com suas filhas, Lia e Vânia, e sua esposa, Vânia.