O time do Ceará ontem, 20 de março de 2024, revelou-se capaz de fazer uma partida muito boa, organizada e levando perigo contra uma equipe que joga junto há, pelo menos, quatro anos, que é o caso de nosso rival. No entanto, esta é a mesma equipe que empatou com Altos do Piauí e ABC de Natal em pleno Castelão; a pergunta que a torcida se faz é a seguinte: seria, de fato, este time confiável, levando em consideração que é uma equipe praticamente nova e que está agora ganhando entrosamento (que, verdadeiramente, só virá ao longo da Série B), ou estamos diante de mais um ‘fogo de palha’, tal qual ocorreu na temporada passada devido a grande decepção ao longo do Brasileiro? Isto só o tempo dirá. Pessoalmente, penso que se mantivermos o treinador, não importando as eventuais perdas de títulos que poderão vir, subiremos para a Série A.
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Contudo, esta oscilação da equipe em campo reflete a total falta de competência para gerir o clube por parte da diretoria. Se nas semanas anteriores fomos surpreendidos com a cobrança do Floresta devido o não pagamento de dívida referente à venda do zagueiro Marcos Victor ao Bahia, ontem foi a vez de descobrirmos que o Ceará também não pagou ao Yokohama pela transação que repatriou Saulo Mineiro. Ora, a contratação de Saulo Mineiro pode simbolizar a incompetência da diretoria, uma vez que este é um jogador que só consegue se encaixar em um time reativo que tenha nele sua válvula de escape, coisa que ocorria naquele time de 2021 com Guto Ferreira. Saulo, em campo, parece estar perdido em uma equipe que tenta jogar no contra-ataque, mas de modo mais organizado e menos dependente de uma válvula de escape como ele.
Desse modo, jogadores como o próprio Saulo Mineiro, Janderson e Ramos são caros e não correspondem mais à realidade financeira e esportiva do Ceará, atualmente. Especulo que a diretoria age desta maneira porque a lógica política do clube é perfeitamente contornável com conchavos e manobras que envolvem poucas pessoas, conselheiros que lá estão, em sua maioria, por conta de herança política familiar ligada ao clube. Faz-se necessário democratizar o clube e permitir que todos os sócios ativos possam participar dos pleitos tanto como votantes quanto como candidatos aos mais diversos casos, não importando o valor pago para ser sócio.
Internacional, Grêmio e Corinthians são casos brasileiros em que a escolha dos mandatórios ocorre em eleições livres. Por outro lado, fora do Brasil, Boca Júniors, Bayern de Munique e River Plate são clubes em que as eleições não apenas contemplam todos os sócios ativos, mas também que estes sócios têm várias opções de participação na vida ativa do clube, seja com o clube social ou mesmo com descontos e sorteios de produtos oficiais da equipe. O River, por exemplo, possui hoje 250 mil sócios ativos em um país com uma economia em frangalhos e está há 30 jogos colocando mais de 80 mil pessoas em seus jogos. Acredito que democratizar o clube seja o primeiro passo para ampliar a participação dos sócios; penso também que por conta de nossa condição financeira geral, visto que moramos em um estado pobre, pode haver sócios que paguem 15 reais mensais e também possam votar na eleição, tendo como contrapartida, pelo menos, vantagem na compra de ingressos e de produtos do clube.
Portanto, além de permitir uma melhor politização dos associados, desde que o clube se torne completamente transparente, coisa que hoje tanto não é quanto piorou em relação à gestão de Robinson de Castro, também criará um clima geral de pertencimento mais profundo à equipe; isso matará a nossa atual lógica de expectador passivo. É necessário lançarmos uma campanha ampla com um slogan forte: proponho a Democracia Alvinegra, Já! Não mais conchavos, nunca mais obscurecimento das contas e realidade do clube; que a torcida, verdadeiramente, tome para si as rédeas do clube.
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