Escrevo este texto nos primeiros dias de janeiro de 2024. Ou seja, no início de uma nova temporada que sucede uma anterior de absoluto fracasso no Vozão onde mais importava era a volta à Série A do Brasileirão.
Lembro-me bem que no ano passado, apesar da dor de uma recente queda à Série B e do “sumiço” do anterior presidente, os canais e blogs que cobrem o Ceará estavam gostando da movimentação de mercado da diretoria. O meu pessimismo não me deixa empolgar e meu pragmatismo apenas projeta o que se desenha no real.
Penso que é impossível prever o que ocorrerá nesta temporada de maneira acurada, mas é possível projetar como melhor utilizar o elenco no ano para sermos bem-sucedidos e a principal coisa a se fazer é usar bem todo o elenco.
O movimento de contratações de jogadores uruguaios, paraguaios e argentinos acostumados com ligas, cuja grande característica é a força física, foi uma ótima jogada que tem tudo para dar certo na Série B, em que a grande marca do campeonato é a força física.
Precisamente, o que pode atrapalhar essas contratações de renderem o esperado é o primeiro semestre. Ou seja, o excesso de partidas no Campeonato Cearense e na Copa do Nordeste que desgastam aqueles atletas que não estão acostumados com o excesso de jogos no ano, de modo que nas últimas 15 rodadas do Campeonato Brasileiro esse desgaste aparece nitidamente. Este pode ser verdadeiramente os casos de Facundo Barceló, Facundo Castro e Jorge Recalde.
Segundo dados do site Transfermarkt, que é especializado em valor de mercado e estatísticas de jogadores e times de futebol, Rescalde na temporada 2022/23 jogou 46 partidas pelo Newells Old Boys, da primeira divisão da Argentina, com um total de 3.391 minutos. Uma média de 74 minutos por jogo.
Barceló participou de 37 jogos pelo Guaraní, do Paraguai, estando em campo por 2.312 minutos, tendo média de 62 minutos por jogo. Já Facundo Castro, por sua vez, esteve em campo em 29 jogos no O’Higgins, do Chile, em um total 2.036 minutos, média de 70 minutos por jogo.
Esses números traduzem o que estou querendo dizer, isto é, nenhum desses jogadores jamais jogou cerca 60/70 partidas por ano, que é a média de jogos de um time como o Ceará tem ao longo de uma temporada.
O técnico Vagner Mancini vai precisar ter muita sabedoria para saber dosar a participação desses jogadores no decorrer do ano sem comprometer suas melhores características, cuja principal é a força física e que será importantíssima na Série B.
O meu pessimismo sai de cena ao assistir as primeiras partidas do Vozão na Copa São Paulo de Futebol Júnior, a Copinha, e constatar que há alguns atletas que podem compor o elenco e ajudar a não desgastar tanto estes e outros atletas do elenco.
Jogadores como o zagueiro ganês Stanley Boateng, os atacantes Pablo Nascimento e Fernando Gabriel, o meia Caio Rafael e o volante/lateral JV – que inclusive já foi utilizado no time principal – têm de ganhar oportunidades de jogar muitas partidas no Estadual e Nordestão, tanto para dar rodagem e experiência a esses atletas quanto para poupar aqueles jogadores do elenco que serão mais úteis nas 15 últimas rodadas da Série B.
PEDIDO À TORCIDA DO VOZÃO
Uma última ressalva, esta direcionada à torcida: deixemos os meninos errar, demos aplausos às suas “pixotadas” juvenis, apoiemos seus passes errados. Em suma, é necessário dar confiança à garotada, pois eles serão, pelo menos neste momento, muito úteis ao descanso dos mais veteranos, quiçá possa aparecer algum desses que se firme no time titular.
Mas, isso apenas constataremos no início do ano que vem e oxalá que essa constatação se dê com nosso Ceará de volta à elite do futebol brasileiro.
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