Meu Vozão Ceará Sporting Club

OPINIÃO | Até quando a história do Ceará vai ser manchada?

sede do Ceará
Foto: Divulgação / Ceará SC

Não vou me ater muito ao jogo de estreia do Ceará neste texto de hoje. Foi primeira partida da temporada, ainda com muitas “caras novas”, que é sinônimo de que pouco se tem para analisar, seja pelo lado bom ou ruim do todo.

O Vozão, nos últimos, anos foi notadamente um clube que vendeu tanto para sua torcida, como para imprensa local e nacional, além, é claro, dos atletas, agências e empresários, que se tratava de um clube que cumpria com o prometido, que honrava seus compromissos até antes do prazo estipulado. Inclusive com piadas, matérias e memes sendo usados para aumentar essa “fama” de clube um organizado e bem administrado.

Mas, nos últimos dias um fato ocorreu pegando a todos de surpresa. Segundo o confirmado pelo próprio presidente do clube, João Paulo Silva, o atleta Chrystian Barletta, cuja compra foi a segunda mais cara da história do Alvinegro (R$6,6 milhões), entrou com uma ação contra o Ceará alegando valores atrasados de até meses meses atrás. Tendo inclusive seu nome vinculado a uma possível transferência para o Sport-PE e para times da Série A.

Se fosse somente esse o problema, acredito que estaríamos apenas preocupados. Porém, o “buraco” logo ficou mais fundo com notícias sobre mais valores em débito, cerca de mais de R$2,5 milhões de reais, desta vez para o atacante Zé Roberto, hoje emprestado ao Sport-PE.

Zé Roberto, atacante do Ceará
Foto: Divulgação / Ceará SC

Mais um caso envolvendo o Ceará, desta vez sobre Marcos Victor, zagueiro que hoje defende as cores do Bahia. O Floresta foi outro que entrou com uma ação contra o Alvinegro, exigindo em torno de R$1,8 milhão, valor esse que se refere a venda que foi feita do atleta aos baianos, dos quais 40% pertencem ao Verdão.

Além de todo esse vendaval envolvendo a parte financeira do clube com descumprimento de contratos e atraso de pagamentos de atletas e ao Floresta – e vale lembrar que o responsável por essa pasta, na gestão passada, era o próprio João Paulo Silva, agora presidente do Vozão -, ainda tem mais. Segundo um grupo de conselheiros do clube, já passa de R$46 milhões a dívida do clube com a Receita Federal, valor altíssimo e que pode acarretar uma série de sanções, caso não liquidado, inclusive exclusão do ProFut.

O pior de tudo isso não são as notícias que surgem “do nada”, é o clube passar tanto tempo para se comunicar oficialmente para se defender de tais acusações. Acredito que hoje em dia se há um ponto onde nenhuma equipe de futebol do tamanho do Ceará pode falhar, é na comunicação.

Soltar nota de repúdio ou rebatendo alguma coisa não é se comunicar, palavras não tem o mesmo efeito quando as lemos num post no X/Twitter ou numa arte do Instagram. A comunicação é para ser feita desde a pasta que está sendo citada, como pelo presidente, cargo mais alto da instituição.

Antes do atualmente mandatário se pronunciar, por incrível que pareça, quem “deu as caras” para falar sobre o assunto foi o ex-presidente Robinson de Castro, que nada mais tem a ver com o clube, apesar de terem algumas acusações dessas que citei que vem do período em que ele ainda era o chefe.

Robinson de Castro, ex-presidente do Ceará.
Foto: Israel Simonton / Ceará SC

Mas, o objetivo principal desta coluna é refletir com você, caro torcedor alvinegro, até que ponto nossa história está sendo manchada por pessoas que claramente não têm a intenção de fazer o melhor pelo clube, mas sim usá-lo para interesses próprios se beneficiando das inúmeras regalias e vantagens que ser diretor de um organismo como o Ceará oferece.

O FUTURO DO CEARÁ É PREOCUPANTE

Há quanto tempo essa história de “bom pagador” vem enganando quem paga o seu cartão de sócio-torcedor todo mês, faça chuva ou faça sol? O que me preocupa, além de todo o amadorismo, a incompetência e a falta de comunicação, é o nosso futuro.

Não parece haver alguém realmente decidido a fazer um Ceará mais forte, mas sim um Ceará mais fechado, com mais panelinha no alto escalão e determinado a enganar, sem um pingo de consciência, aquele torcedor que é capaz de tirar o dinheiro da comida para assistir aos jogos.

É preocupante, passa uma mensagem para o mercado de que o clube está colapsando desde 2022 e, sinceramente, não acharia exagero, o mercado é volátil, principalmente o futebolístico, com informações numa velocidade incrível e que cada vez mais coloca de lado clubes que não cumprem com a verdade.

O Ceará, para disputar com o rival numa Série A e outros clubes do futebol brasileiro privilegiados por sua posição no mapa, deveria fazer os processos, sejam quais forem, da forma mais cristalina e correta possível para se equiparar, pois um clube sem um alicerce financeiro sólido não sobrevive, infelizmente, mesmo tendo uma torcida gigantesca e apaixonada como a nossa.

Que o futuro seja bom e eu esteja errado, mas a lógica, se não entra tanto no campo numa partida de futebol, fora dele é quem dita as regras e a regra é simples: atletas começam a deixar de vir, empresários e executivos começam a boicotar o clube e a torcida vai definhando cada vez mais com resultados ruins e que vão em caminhos diferentes dos que a história do clube trilhou.

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