Junto com a torcida do Botafogo do Rio de Janeiro, talvez a torcida do Ceará seja uma das mais desconfiadas do Brasil e isso se dá porque nosso time adora nos “pegar de surpresa”. Foram tantas as vezes que o time estava em ótimo momento, encontra uma equipe adversária em frangalhos e perde ou empata. Coincidentemente, hoje, 25/07/2024, enfrentaremos o Botafogo, mas de Ribeirão Preto-SP.
Penso que a maior parte da torcida do Ceará está desconfiada da equipe, apesar da vitória excelente na última rodada com o Avaí-SC. Os motivos da desconfiança são muitos, mas dentre estes posso citar três que cortam a alma de todo torcedor alvinegro. Primeiro: a conturbada relação entre torcida e diretoria, a qual se dá por conta da péssima gestão não apenas do futebol (como foi de praxe nos anos que o ex-presidente Robinson de Castro esteve a frente da diretoria), mas também administrava com constantes transferbans e promessas não cumpridas pela diretoria atual, além do “golpe” de afastar o torcedor dos destinos do clube.
O segundo motivo é o desequilíbrio do elenco que quando perde jogadores cruciais, o treinador tem uma tremenda dificuldade de encontrar peças de reposição. Se prestarmos boa atenção ao longo de todas as 16 primeiras rodadas da Série B, jogadores como Jorge Recalde e Facundo Barceló ou ficaram de fora de várias rodadas por lesão ou por oscilação técnica, fazendo com que o time caísse de produção. Posso também mencionar nosso melhor jogador, Erick Pulga, que está oscilando muito ao longo do Campeonato Brasileiro e junto com ele o time também não consegue ganhar consistência.
O terceiro motivo, em minha opinião, é o mais grave. Precisamente, desde que João Paulo Silva assumiu a diretoria executiva do Ceará, tivemos quatro treinadores diferentes (Gustavo Morinigo, Eduardo Barroca, Vagner Mancini e, atualmente, Léo Condé) em pouco mais de dois anos. Não há trabalho que se sustente com esta constante rotação de comando, uma vez que para que uma equipe jogue bem é necessário que o treinador faça testes, que erre e acerte.
Se a rotação de treinadores é imensa isso significa que o treinador não se sente seguro para aprofundar as variações de jogo do elenco, na medida em que haverá, em alguma medida, erros normais do time para se acostumar com as diferentes formas de jogar. Na prática, o resultado disso é que o futebol dentro de campo da equipe não evolui e os treinadores não conseguem, de fato, melhorar o time.
Obviamente, que todos estes motivos para desconfiança se assentam tanto no momento atual da equipe quanto na história do time ao longo de sua existência. Essa mescla de presente e passado precisa ser superada de maneira qualificada e a melhor forma para que isso ocorra é com vitórias e um possível acesso à Série A do próximo ano. A Série B está muito apertada e disputada e se a equipe alvinegra conseguir engatar uma série de três ou quatro vitórias consecutivas, ela voltará à disputa real pelo acesso. Torçamos!
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