Meu Vozão Ceará Sporting Club

Historiador africano fala sobre importância do Ceará se posicionar em homenagem ao Dia da Consciência Negra

Ceará / Consciência Negra
Foto: Divulgação / Ceará SC

O Ceará tem cada vez mais se envolvido em causas sociais e também se posicionado sobre assuntos políticos e humanitários. Historiador africano que mora na capital cearense desde 2007 e é torcedor do Vozão, Andy Monroy falou com o Meu Vozão sobre a importância do clube apelidado por “Time do Povo“.

Por muito tempo o Alvinegro de Porangabuçu se fechou e optou por não se posicionar em assuntos que, na visão da antiga gestão, poderia ser polêmica ou ter algum tipo de envolvimento e/ou opinião com teor político.

Mas, indo por caminhos diferentes e se posicionando em datas contra homofobia, machismo, na conscientização contra o câncer de mama e de próstata, o clube também se posicionou a respeito do Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro.

Sabendo que por trás do posicionamento também há a questão comercial e de marketing, como a venda de uniformes feitos com desenhos geométricos fractais que fazem alusão à cultura africana e convidou três atletas negros para serem modelos da edição – os ganeses Boateng e Steven Nufour do Sub-20 e a volante Cris Carioca, do time feminino -, Andy Monroy falou sobre a importância do clube se posicionar em assuntos tão importantes.

Natural de Cabo Verde, um arquipélago vulcânico localizado próximo à costa noroeste da África, sendo morador da capital cearense desde 2007 e torcedor do Vozão, o Historiador Andy Monroy entende que o Ceará e os outros clubes têm uma responsabilidade de levar conscientização ao seu público na luta contra o racismo.

“O Brasil, como um todo, precisa falar do Dia da Consciência Negra porque isso é a história do Brasil. A vinda dos africanos, nas condições que vieram e tudo o que o africano influenciou culturalmente no Brasil precisa ser falado, ser debatido e homenageado. Acho extremamente importante essa homenagem que o clube do Ceará está fazendo porque o futebol é uma paixão e mobiliza as pessoas, tem poder de influência muito grande”, disse Andy ao Meu Vozão.

Formado em História pela UECE, Andy Monroy é de Cabo Verde, um arquipélago na África, mas mora na capital cearense desde 2007 e é torcedor do Ceará. Foto: Arquivo pessoal

Para ele, esta postura dos clubes é sim um ato político e que precisa ser mantido, promovido e debatido durante as datas representativas das lutas, mas que também é necessário que haja mais ações no decorrer do ano. Com um poder grande de influência sobre seus torcedores, Monroy entende que os times têm grande responsabilidades frentes à lutas contra desigualdades, especialmente quando ocorrem dentro dos estádios.

“Os clubes precisam estar cientes que esta ação é um posicionamento político. Vários times têm atuado em outros campos falando sobre o machismo, a homofobia nos estádios. Esta ação serve para promover mais um debate que a sociedade necessita. O clube Ceará está no Estado que foi o primeiro do Brasil a abolir a escravidão. A campanha foi extremamente necessária e precisam promover essas ações em outros momentos durante o ano”, finalizou.