Acertado por empréstimo com uma equipe do futebol japonês, João Victor está sendo o assunto mais comentado do futebol cearense nesta terça-feira (14). Jovem promessa do Ceará de apenas 18 anos, o atacante viu sua vida mudar rapidamente quando foi convocado pela Seleção Brasileira Sub-17 e fez sua estreia no time principal, não soubendo lidar com a situação. Israel Portela, diretor das categorias de base do Vovô, revelou ao jornal O Povo que, além das lesões, problemas indisciplinares também foram motivos do atleta ter sido afastado do time principal no ano passado. O diretor ainda disse que seu empréstimo ao Japão tem como objetivo que ele retorne mais experiente e com a “cabeça no lugar”.
Nordestino de São Luís do Maranhão e sonhador como todo garoto, João Victor viu sua vida mudar “da noite para o dia” com ainda menor de idade. Morando na Cidade Vozão, já que sua família residia na cidade natal, seus dribles desconcertantes chamaram atenção até da Seleção Brasileira. Convocado em 2020 para defender a Canarinho Sub-17, em amistosos para o Sul-Americano 2021 da categoria. Logo depois, o Ceará tratou de assinar seu primeiro contrato profissional e o atleta viu seu salário crescer exponencialmente. A ponto de que ele deixasse de morar no centro de treinamento da base e trouxesse sua família para perto de si indo morar num apartamento de luxo na Beira-Mar.
Não apenas isso. Guto Ferreira, treinador do time na época, o levou para treinar na equipe profissional e o revelou numa vitória sobre o Grêmio-RS, na Arena Castelão, pela Série A do Campeonato Brasileiro 2020.
“João Victor era um garoto de 16 anos quando foi convocado pela Seleção Brasileira. Imagina um menino de 16 anos ser convocado para a Seleção? Já mexe com a cabeça do garoto. Quando ele voltou, a gente fez o contrato profissional com o valor de ‘1X’. O Guto (Ferreira) o levou para o profissional. O salário de ‘1X’ teve que ir para ‘8X’. Com ‘1X’, ele morava em Itaitinga, alojado pelo clube. Quando ele passa a ganhar ‘8X’, ele sai de Itaitinga e passa a morar na Beira-Mar. A família, que antes morava fora, já veio morar aqui. E, coincidentemente, o Ceará passa por uma oscilação e ele já não é mais utilizado. Isso tudo mexe com a cabeça de um garoto. Aparecem os ‘parças’, aparece todo mundo dizendo que é ‘o melhor jogador’, que é ‘o cara’, isso prejudica”, desabafou Israel Portela.
Com sequência de lesões e problemas de comportamento, o clube optou por levá-lo de volta para a base na tentativa de discipliná-lo. Mas, ao invés disso, o jogador retornou para treinar com as outras promessas com “ar superior”, segundo revelado por diretor do Vovô. Motivo que causou discórdia no elenco da base e o rendimento em campo não foi bem, o que teve como consequência ele ter sido “sacado” do time titular da base e sequer ter sido relacionado em algumas partidas.
“Quando você desce um garoto assim para a base, você imagina como ele chega perante os outros: achando que é o dono do time! Isso vai rendendo problemas que acabam prejudicando o grupo e sem ter um rendimento para justificar a escalação. O treinador só coloca quem está treinando melhor. Ainda teve a questão física. Nem todos os jogadores de 16 anos tem estrutura óssea e fisiológica para aguentar uma questão de profissional”, disse.
Acreditando no potencial do seu atleta e buscando recuperá-lo, o Vovô viu uma oportunidade em emprestá-lo ao Tokyo Verdy, do futebol asiático. Além de usar este momento para que João Victor ganhe minutagem e experiência em campo, o perfil disciplinatório do Japão foi também um dos motivos para este acerto. Com mudançes de ares, o interesse do Ceará é que o atacante de 18, vivendo num país com educação rígida, seja disciplinado como atleta e cidadão.
“Vamos tirar o João Victor desse ambiente, mandar para o Japão, que é um país disciplinador. Vamos recuperá-lo”, finalizou Israel Portela.
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