“Fala que vai colocar o menino no Real Madrid, Barcelona…”; Dirigente do Ceará comenta dificuldades no relacionamento com empresários

Sandro Queiroz, gerente das categorias de base do Ceará, falou sobre a relação desgastante entre o clube e atletas que, por muitas vezes, são “rachadas” por causa de maus empresários. O profissional chegou a revelar, em entrevista ao podcast do jornalista Mário Kempes, que aconselha pais que não assinem com agentes enquanto seus filhos ainda forem jovens e disse que há empresários que se aproveitam da falta de entendimento da família e fazem grandes promessas, como dizer que vão levar atletas a gigantes europeus, como Real Madrid e Barcelona.

Não é novidade para ninguém que os agentes têm um grande domínio no mundo do futebol e que, cada vez mais cedo, jovens promessas estão assinando contratos com agências sob promessas de futuros grandiosos que, a maioria das vezes, não se torna realidade. Gerente da base do Vozão, Sandro Queiroz contou ao Kempodcast, podcast do jornalista Kempes, que existem sim bons agentes, mas também há maus e que esses podem destruir a relação entre jogadores com os clubes. Na entrevista ele contou que há meninos de oito anos que, ainda no início de fase inicial de formação, já têm profissionais que lhe representam.

“Costume dizer que em todo ramo tem o bom e mau profissional. Essa questão de empresário, tem o bom empresário e o mau empresário. O que me incomoda nisso é um menino de 11, 12, 13 anos já ter um empresário. As vezes, os pais chegam e perguntam se há empresário para seu filho e eu digo ‘O senhor sabe ler e escrever? Então, não precisa de empresário”. Hoje tem menino de 8 anos que tem empresário. É um absurdo”, revelou o dirigente.

TRABALHOS DO CEARÁ X PROMESSAS DE EMPRESÁRIOS

Sandro Queiroz assumiu até entender a situação. Isso porque esses agentes se aproveitam da de problemas financeiras dessas famílias, que em maioria vive em vulnerabilidade econômica, e prometem pagar valores de aluguéis e outras coisas. Mas, em contraposto disto, “vendem” aos pais que seus filhos filhos, ainda crianças, são craques, querem se meter nos trabalhos feitos no dia a dia do clube e acaba levando a uma “rachadura” na relação que a instituição tem com a família dos jogadores chegando, até mesmo, precisa encerrar o vínculo para não haver maiores problemas. Sandro ainda contou que esses maus profissionais prometem a crianças de 12 anos que eles irão jogar em clubes como Real Madrid e Barcelona, ambos da Espanha.

“Mas, tem o outro lado da moeda, o lado sociocultural, socioeconômico. Muitas têm essa vulnerabilidade e o empresário vai nessa brecha, chega no pai e pergunta quanto paga no aluguel, quanto ganha por mês, dizem ‘Vou lhe dar aqui por mês para o senhor assinar essa procuração’. A gente briga constantemente porque o empresário chega grandão no clube dizendo que o menino de 12 anos é um craque, que ele vai botar o menino no Real Madrid, Barcelona. Vende isso para os pais e os pais acabam sendo vítimas disso porque não têm esse entendimento, né? Muitos pais acham que o filho é o Endrick, o Estevão e esses são exceções. Mas esses caras vendem isso aos pais e ai começa a relação desgastante com o clube, uma relação que, às vezes, tem que ser quebrada por conta que não consegue um consenso”, finalizou.