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Ídolo relembra retorno ao Ceará após dispensa em 98: “Voltei para mostrar que haviam errado comigo”

Mota, ídolo do Ceará.
Foto: Kiko Silva / Agência Diário

Nono maior artilheiro da história do Ceará com 89 gols marcados, João Soares da Mota Neto, o Mota, atualmente é reconhecido e respeitado por suas conquistas. Mas, antes mesmo dele gravar seu nome como um dos grandes ídolos do Alvinegro, ele viveu momentos de tristeza. Em 1998, quando ainda era um garoto, ele foi dispensado pelo Vovô. Em entrevista ao portal “Nossa Glória é Lutar”, no YouTube, o ex-atacante relembrou que retornou três anos depois com o sentimento de mostrar que o clube havia errado ao mandá-lo embora.

Mota comemorando gol em Clássico-Rei. Foto: Agência Diário

Filho de pais alvinegros e apaixonado por futebol desde pequeno, o sonho de Mota era o de vários meninos: se tornar jogador de futebol. E, ele conseguiu feitos além do que poderia imaginar. O sonho de ter se tornado jogador profissional foi realizado, assim como também o de ter jogado pelo time de seu coração e se tornar ídolo dele. Mas, como várias histórias de amor, a relação entre Ceará e Mota nem sempre viveu em “lua de mel”. Na última segunda (6), na véspera do Clássico-Rei, o ídolo alvinegro conversou com o canal “Nossa Glória é Lutar” e relembrou alguns momentos vividos no início de sua trajetória pelo clube.

Mota chegou ao Ceará em 1998 depois de ter se destacado pelo Ferroviário-CE ao lado de Iarley, também ídolo alvinegro. Na época, ele tinha 18 anos e era muito franzino, então não ganhava muitas oportunidades. Apesar disso, fez parte do elenco que foi campeão Cearense daquele ano. Mas, houve mudança no comando e, após o Estadual, Arnaldo Lira chegou trazendo um “pacotão” de reforços vindos do União São João-SP. Os jogadores que já estavam no Vovô passaram por um coletivo como forma de teste e, quem não fosse aprovado, seria mandado embora. E, embora tenha ido bem e até mesmo recebido elogios do treinador que havia acabado de chegar, ele não permaneceu.

“Eu fui do Ferroviário para o Ceará. Na época, o Dimas Filgueiras era o diretor. O time de 98 tinha o Dema, Bechara, Jaime, Airton.. um timaço! Eu era magrinho, não joguei muito. Fomos campeões do Cearense, mas o treinador saiu e contrataram o Arnaldo Lira. Ele tinha fama de trazer o time completo, né? Ele fez um coletivo e quem ele não quisesse contar, ia embora. Eu estava voando, fiz gol e ele perguntou o motivo de eu não estar jogando, que com aquele time eu quem deveria ser titular. Havia uma lista de dispensa, mas achei que ia ficar. O treinador chegou falando que eu tinha que ser o titular, né? Quando fui ver a lista, quem estava lá? Eu!”, relembrou Mota em conversa com o podcast “Nossa Glória é Lutar”.

YouTube video

Depois disso, Mota seguiu para fora do Brasil e foi jogar na equipe B do Mallorca, da Espanha. Mas, mesmo distante, não parava de pensar na oportunidade de voltar a vestir a camisa alvinegra. E, na primeira chance que teve, não pensou duas vezes. Querendo mostrar que Arnaldo Lira estava errado ao mandá-lo embora, três anos depois Mota retornou ao Vovô. Mas, desta vez, foi para fazer história.

“Depois dessa dispensa, fui pra fora jogar no Mallorca. Voltei em setembro 2001 querendo mostrar que eles haviam cometido um erro comigo. Deu tudo certo e a história de como foi todos sabem”, disse.

INFÂNCIA ALVINEGRA

Alvinegro desde que foi gerado, Mota cresceu sendo levado pelo seu pai aos jogos do Ceará no estádio e lá ele ficava sonhando com o dia que fosse jogador e fizesse um gol para subir no alambrado para comemorar no “calor da torcida”. E assim o fez. Dos 89 gols marcados, em várias vezes ele foi para os “braços” da massa no estádio.

“Sempre acompanhei o Ceará, desde a infância. Meu pai me levava aos jogos, eu ficava no alambrado. Hoje em dia não tem mais, né? Eu pensava ‘se um dia eu for jogador do Ceará, vou subir nesse alambrado’. Quando eu era só torcedor, a coisa que eu mais queria era estar perto dos meus ídolos. Então eu fazia isso com o torcedor. Era algo natural, sempre veio do sentimento de torcedor que tenho pelo clube. Quando fomos campeões do Cearense em 2012, com gol do Felipe Azevedo de pênalti, eu era o batedor oficial, mas já tinha saído. Se sou eu ali, pulava alambrado e ia pro meio da torcida. No final do jogo, lógico”, finalizou Mota.

Pelo Vovô, o ex-atacante foi quatro vezes campeão do Cearense (1998, 2002, 2012 e 2013) e fez parte do elenco que conquistou o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro com uma campanha espetacular em 2009. Além disso, ele também coleciona títulos como Campeonato Mineiro, Copa do Brasil e Brasileirão. Todo foram pelo Cruzeiro-MG em 2003.

Atualmente, Mota já está aposentado, mas é comum vê-lo no estádio vestido com o “manto” alvinegro e unindo-se a tanto outros torcedores alvinegros, como se fosse um qualquer, para vibrar pelo Vozão. E, quando reconhecido, é reverenciado pelos torcedores e até mesmo se emociona.

Na arquibancada da Arena Castelão, Mota é homenageado por torcedores do Ceará e se emociona. Foto: Stephan Eilert / Ceará SC