É um fato que o nome de Mota, ídolo do Ceará, está gravado na história do Cruzeiro, um gigante clube do futebol brasileiro. Mas, até chegar ao ápice e conquistar feitos históricos, o cearense foi vítima de preconceito da imprensa mineira e serviu de chacota. Isso é o que foi contado por Alex, ídolo da Raposa e ex-companheiro de equipe de Mota.
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Em 2003 Vanderlei Luxemburgo tinha uma missão: montar um time para o Cruzeiro com pouca grana. Apoiado por Alex “Talento”, ídolo também no Fenerbahçe, da Turquia, o então treinador da Raposa saiu fazendo contratações que não tinham muitas credibilidades. E, neste meio, estava Mota. Na época, o cearense tinha apenas 23 anos e pouco conhecido, vinha de duas temporadas atuando no Ceará, equipe em que se tornou ídolo.
Ao chegar ao clube mineiro, o começo não foi fácil. Alex contou, em entrevista exclusiva ao Rede 98, que o ex-atacante sofreu muito e chegou a ser feito de chatoca pelos profissionais da imprensa.
“O Mota é uma história muito legal e a imprensa tem um valor fundamental no suscesso do Mota, porque quando ele chega é chacota. E aquilo nos deu forças porque a gente via no treino (a qualidade dele). Eu lembro de uma frase do Marcelo Ramos que, nos primeiros 10 minutos de treino, ele disse ‘esse cara sabe jogar’. E a gente ligava a televisão e era chacota atrás de chacota”, revelou Alex.
Como o Galo, maior rival do Cruzeira, tinha um elenco forte, as comparações eram feitas e o elenco que a Raposa havia formado era visto como muito inferior. Porém, apenas no papel. Em campo, o menino da capital cearense mostrou qualidade, não sentiu o peso da camisa e fez quase 30 gols.
“O ataque do Atlético-MG era pesado, tinha Guilherme Marques. E, de repente, o Cruzeiro pega um menino do Nordeste, que ninguém sabia quem era e ele desanda a fazer gol. E aí reverte isso, depois a gente passeou, a gente ganhou de todos os times do Brasil”, lembra o ex-camisa 10.
O ídolo alvinegro aguentou as críticas, trabalhou em silência e deu a volta por cima, calando a boca dos críticos e marcando seu nome na história do Cruzeiro, um dos maiores clubes do Basil.
João Soares da Mota Neto, o Mota, fez uma temporada brilhante, a melhor de sua carreira, e marcou 27 gols em 58 jogos com a camisa Raposa, sendo um desses tivm máxima importância. Na final do Brasileirão de 2003, o cearense saiu do banco de reservas quando estava 1 a 0 no placar para os mineiros. E, aos 30 do segundo tempo, ele fez o Mineirão balançar. Após receber passe de Felipe Melo, Mota mandou a bola para o fundo do barbante e marcou o gol do título do Azulão sobre o Paysandu. A partida terminou de 2 a 1 e o gol do atacante foi o sacramento para que a Raposa soltar o grito de “é campeão”.
Naquele ano, além do Brasileiro, ele ainda ajudou a equipe a conquistar a Copa do Brasil e o Campeonato Mineiro, o que ficou conhecido por “Tríplice Coroa”.
Em junho desde ano, Alex e Mota se reencontaram e o agora treinador das categorias de base do São Paulo relembrou os feitos do passado. “Um dos heróis de 2003 com a camisa do Cruzeiro. Como metia gol! Obrigado por tudo, Mota”, escreveu Alex.
CARREIRA DE MOTA
Revelado pelo Ferroviário, Mota chegou no Vovô em 1998 para defender o Sub-20 e logo estava no time principal. Na temporada 98/99, ele jogou pelo time B do Mallorca, da Espanha, e seu retorno ao Alvinegro foi em 2001, ficando até o fim de 2022.
No ano seguinte, ele foi para o Cruzeiro e fez muita história. Em 2004, se transferiu para o futebol da Coreia do Sul e lá defendeu o Chunman Dragons, Seongman IC e o Pohang Steelers. Em Portugal, ele atuou pelo Sporting de Lisoa.
Suas passagens pelo Alvinegro, além de 2001 e 2002, também aconteceram em 2009, ano em que teve muita importância na campanha para o retorno do clube à Série A do Campeonato Brasileiro após 16 anos, e 2012 e 2013, formando uma dupla imbatível com Magno alves. Nesses dois anos, foram 93 jogos e 44 gols. Vestindo preto e branco, Mota esteve em momentos e títulos importantes, sendo campeão Cearense em 1998, 2002, 2012 e 2013. Ao todo, ele marcou 89 gols pelo Ceará e é, atualmente, o 10º maior artilheiro da história do clube.
Após deixar Porangabuçu, ele ainda vestiu as camisas do Bragantino-SP, então Uniclinic, hoje Atlético Cearense, e Ferroviário, finalizando sua carreira em 2018.
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