O xG e a realidade em campo: o que os jogadores e treinadores dizem sobre este dado?

Quando alguém vai apostar em um mercado como no total de gols, geralmente o primeiro caminho é tentar identificar estatísticas úteis. Sendo assim, entre as várias opções, há aquelas mais fáceis de se entender e popularmente conhecidas, como posse de bola, mas também aquelas que confundem muito os iniciantes. 

Dentre eles, está o famoso xG, uma sigla para Expected Goals, que em português, significa Gols Esperados. Bastante famoso nas casas de apostas (porque é uma boa métrica a ser usada na análise esportiva para fazer uma aposta informada) mas também em alguns sites de esportes em geral, talvez você ainda não tenha percebido, mas ele é bem comum nas falas dos treinadores.

O que é xG e suas aplicações

Você já sabe que o termo xG significa gols esperados, mas como ele é calculado? De onde veio? Bom, estima-se que ele tenha sido cunhado por estatísticos em 1993, mas sua versão moderna é bem recente, por volta de 2012. Ele é, em suma, um modelo de probabilidade para prever a possibilidade de um gol na partida.

Assim, o dado é calculado a partir de diversas variáveis do jogo envolvidas na finalização de uma jogada. Ou seja, num chute, se observa posicionamento dos jogadores, o tipo de lance, parte do corpo utilizada, fase do jogo, contexto, entre outros. Na prática, é assim que funciona:

• Um xG de 0 a 0,8x por time, por exemplo, significa que a expectativa de gol é de 0 a 0,8 gols, ou seja, baixa.
• Já um xG de 2,0 a 3x, por exemplo, indica que a expectativa de gols fica entre 2 e 3. Mais alta.
• Em times muito dominantes ou jogos muito abertos, o xG geralmente fica acima de 3x, demonstrando que, conforme a produção em campo, a expectativa da partida é de muitas bolas na rede.

Sua grande vantagem, para todos que o utilizam, é que ele é um indicador construído cientificamente. Ou seja, está longe de ser uma invenção ou misticismo no meio do futebol. 

Dessa maneira, não faltam profissionais e pessoas que o aproveitam: clubes de futebol, analistas, mídia e até mesmo fãs mais engajados consideram o xG. Mas, um dos meios em que ele é mais popular é, sem dúvidas, nas apostas esportivas. 

O indicador de gols esperados é bem validado por profissionais

O xG é uma entre várias ferramentas de análise. Fato. Não por acaso, é comum ver treinadores trazendo isso ao debate. Vamos relembrar alguns casos?

• Antonio Oliveira, técnico do Corinthians em maio de 2024, sofria muitas críticas da torcida. Depois de uma derrota para o Flamengo, ele disse que o xG da equipe estava bom, em torno de 2, então não havia um problema de criação de oportunidades. Com isso, quis argumentar que faltaram apenas detalhes para a bola entrar.
• No fim de 2024, um dos maiores estudiosos do futebol, Pep Guardiola, passava por sua pior sequência no City. Depois de uma goleada de 4×0 para o Tottenham, ele disse que o seu time teve um xG maior que o rival. De fato, a equipe finalizou 26 vezes na ocasião. Com isso, ele quis dizer que o desempenho do time não foi tão ruim como o placar sugere.
• Já com os técnicos brasileiros, não parece ser tão comum ver esse argumento sendo citado. Talvez, isso indique uma menor consciência geral sobre o assunto no país.

Sem generalizações: nenhum dado resume uma partida por completo

É claro que o xG parece uma justificativa perfeita para se provar que seu time não vai tão mal assim. Mas, infelizmente, o futebol é um esporte cruel – no fim, o que importa não é quem foi melhor em estatísticas, mas quem venceu. Além disso, outros pontos são fundamentais nessa discussão:

• O xG é um indicador excelente para medir a qualidade das chances criadas. Assim, uma equipe que faz cruzamentos aleatórios sem uma estratégia, por exemplo, não necessariamente terá um xG alto.
• Há vários modelos de cálculo de xG, e diferentes fontes podem trazer valores diferentes. É bom ficar ligado.
• Entretanto, mesmo sendo um dado científico e bem validado, a métrica dos gols esperados não é uma preditora certeira de que os gols acontecerão. Esse dado avalia a qualidade da chance sobretudo antes do chute. Já no momento do chute, uma série de fatores precisa contribuir: acertar o alvo, superar o goleiro e claro, a própria sorte.

Vale a pena considerar os gols esperados?

Agora, será que vale a pena considerar o xG para apostar, por exemplo, em total de gols ou na vitória de um time? Sem dúvidas. Só que, como qualquer outro dado, ele não é absoluto. Implemente essa métrica gradualmente, veja como ela influencia cada resultado e a coloque como parte da sua estratégia. Utilize-a como um meio, e não como um fim.