Meu Vozão Ceará Sporting Club

Paulista faz declaração em carta aberta ao Ceará

Bruno Camarão, torcedor do Ceará.
Foto: Arquivo pessoal

Ilustre torcedor do Ceará, o jornalista paulista Bruno Camarão, da Rádio BandNews FM de São Paulo, fez uma bela declaração ao Alvinegro de Porangabuçu por meio de suas redes sociais. O rapaz relembrou a época em que passou a amar o Vozão e revelou que seus filhos são torcedores do Vovô.

O Alvinegro completou 103 anos de fundação na última sexta (12) e várias personalidades e clubes parabenizaram o clube. Dentre os milhões de apaixonados pelo Time do Povo, Bruno Camarão fez uma publicação que se destacou entre tantas. Em suas redes sociais, ele falou de sua infância corintiana e a chegada do amor arrebatador pelo Ceará.

Camarão é paulista, mas, há 20 anos, ele morou na capital cearense por três anos e ia aos jogos do alvinegro cearense com seu pai e irmão no estádio Presidente Vargas e no antigo Castelão, agora arena.

Conhecido por ser um “paulista que torce para o Ceará”, o repórter sempre comenta sobre o clube durante os programas esportivos na Rádio BandNews FM de São Paulo, onde ele trabalho. Quando o Vozão foi rebaixado na Série A do Brasileirão 2022, ele fez duras críticas contra Robinson de Castro, ex-presidente do Alvinegro, e toda sua gestão.

Bruno Camarão em São Paulo x Ceará em 2022, no estádio Morumbi. Foto: Arquivo pessoal

Veja abaixo carta aberta do torcedor paulista ao Ceará.

“Eu sou Bruno Camarão, pai, jornalista, paulista e que há duas décadas morou por três anos na capital do Ceará. Neste período, se estabeleceu a minha relação com o clube mais popular do Estado.

Antes de 2000, confesso, não sabia quase nada sobre a história do time. Um ou outro relance. Mas a partir dali que fui me familiarizar com Gildo, Dimas, a trajetória da Copa do Brasil de 1994, e tantos outros episódios e personagens marcantes.

Amante de futebol, claro, já era um adolescente de 15 anos. Tinha o meu time, o Corinthians, que sempre me acompanhou e fez parte da construção do meu caráter e formação. Enquanto, à distância, me atualizava sobre ele, fui escolhido, em terras alencarinas, por outro alvinegro.

Foi uma parada de pele, mesmo. Paixão de verão que se tornou um segundo amor pro ano inteiro. Pra vida. Ir ao PV ou ao Castelão, à época, era manter vivo em mim o espírito do jogo que sempre curti.

E ir ao estádio pra ver futebol ao lado do meu irmão e, invariavelmente, do meu pai, era tão raro quanto mágico. Porque a paixão deles, há muitos quilômetros dali, era verde. O Palmeiras. Pois o Ceará nos uniu. Ali, longe do restante da família, por três anos.

Todo santo jogo estávamos lá, meu irmão e eu pegando o circular e indo pro bairro do Benfica. Maranguape, Icasa, Nordestão, Série B. Pouco importava a competição. Íamos sentir algo que nos integrava. Quando falo sobre o Ceará, me transporto para um passado delicioso.

Não de triunfos em campo – porque, de fato, no trecho em questão, talvez tenha visto mais reveses do que vitórias. Mas reestabeleço uma sensação de pertencimento. Foi ali, no meio da torcida, que desejava estar na hora do lazer.

Quando penso “Ceará”, penso no que foi minha estadia em Fortaleza. Na minha memória, não tem nada diferente do sorriso da Cibele, que faleceu em 2014 e que, para mim, era a mulher mais feliz do mundo ali. Eu acreditava nisso. Ela fazia com que acreditássemos nisso.

Ela era sol, energia boa, paciência, dedicação. Ela era mãe. A minha mãe. O Ceará foi o maior acréscimo da minha trajetória, até a inserção nela da minha esposa e do meu filho.

Em julho, pretendemos voltar ao local que me faz suspirar só de pensar nele. E nele, de um jeito ressignificado, vou ter comigo a família que foi construída por mim. Quer saber? A Isadora e o João Pedro já são Ceará sem talvez nem suspeitar…