Antes da bola rolar para Ceará e Athletico-PR, no último sábado(27), alguns torcedores do Ceará prepararam camisas com protestos contra Robinson de Castro, presidente do clube. No entanto, antes que pudessem se dirigir às arquibancadas, uma parte do grupo foi barrada por policiais ainda na fila da entrada da Arena Castelão. É o que conta um dos integrantes da Torcida Organizada Cearamor Velha Guarda que encabeçou o ato, mas, temendo represálias, optou por não ser identificado. Ao ser procurado pela reportagem do Meu Vozão, a diretoria alvinegra respondeu que não tem responsabilidade alguma com isso e que, para realização de protestos, torcedores precisam de autorização de Polícia Militar.
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A relação entre torcedores do Ceará e a diretoria está cada vez mais estremecida. Além de quatro eliminações na temporada e que de rendimento no Brasileirão, o time passou 10 dias para anunciar um novo treinador e, neste período, nenhum dirigente apareceu para dar satisfação à massa. Com toda essa situação, a torcida vem fazendo várias formas de protestos nas últimas duas semanas. Uma bomba caseira foi arremessada dentro da sede do clube, depois três jogadores foram à sede da principal torcida organizada para dar explicações pela má campanha na Série A e ouvir o lamento dos alvinegros. Não só isso, os torcedores têm espalhado faixas e outdoors por vários cantos da capital cearense fazendo críticas à atual gestão, tendo como principal alvo o presidente Robinson de Castro.
Como já havia acontecido no primeiro turno do Campeonato Brasileiro, integrantes da Cearamor Velha Guarda voltaram a preparar um protesto para o jogo de sábado (27), contra o Athletico-PR. Ao todo, 18 pessoas se juntaram para formar a frase “Fora Robinson de Castro” e cada integrante usaria a camisa com uma letra. Porém, o ato não foi possível acontecer.
Segundo um dos líderes do ato, já pensando que poderiam encontrar problemas, os participantes se dividiram em grupos para entrar no estádio. Mas, como alguns policiais do Batalhão de Choque que estavam trabalhando na partida avistaram as letras e entenderam que aquilo se tratava de ato contra a direção do clube, eles foram proibidos de entrar no estádio Governador Plácido Castelo.
“Fomos (em números) separados, mas eles (policiais) viram as letras nas blusas e nos mandaram parar. Eram 18 (integrantes), mas eles viram só oito e nos mandaram aguardar. Eu ouvi quando o policial entrou em contato com o comandante e disse que era um protesto contra o presidente. Ele me disse que foi proibido pelo clube o protesto”, contou um dos líderes do ato. “O policial ficou conversando com a gente, disse que não via problema algum, mas que estavam lá a trabalho e que o clube não permitia. O comandante disse para ele no rádio o clube não autorizou, que era para barrar qualquer faixa, cartaz ou camisa de protesto que tentasse entrar no Castelão”.
Segundo o torcedor, o policial que os barrou os tratou com respeito a todo instante. Mas informou que o clube estava proibindo qualquer ato desse tipo contra a diretoria e que, como represália, poderiam ser proibidos de entrar em estádios nos jogos do Vovô.
“O policial ainda contou clube disse que qualquer ato de protesto dentro do Castelão, o torcedor seria punido com o cancelamento do sócio e impedindo de entrar nos jogos do Ceará. Foram essas palavras que ouvimos o comandante dizer ao policial no rádio. Alguns que passaram despercebidos entraram, mas não deu para formar a palavra e montar o protesto. Eu voltei para deixar as blusas no carro e depois entrei para assistir o jogo”
Apesar de sentir-se lesado de seus direitos como torcedor e sócio do Ceará, o alvinegro optou por não ir fazer nenhuma reclamação na delegacia que tem dentro da Arena Castelão, mas informou que esses atos, mesmo que proibidos dentro do estádio, seguirão cada vez mais fortes pelas ruas da capital cearense.
“Isso está errado, o torcedor não poder se expressar. Apenas queríamos mostrar nossa indignação pelo momento que o clube está vivendo e os torcedores são barrados. Cadê o estatuto do torcedor, não vale não? Fomos aconselhados ir à delegacia do estádio para registrar que tivemos nossos direitos lesionados, mas optamos por deixar para lá porque queríamos assistir o jogo. Os protestos não vão parar”, avisou.
RESPOSTA DO CLUBE
Com a responsabilidade e o compromisso de deixar o leitor ciente do que diz as partes envolvidas, o Meu Vozão procurou Veridiano Pinheiro, diretor de operações do clube e responsável pelas decisões de eventos nos dias em que o Ceará é mandante dos jogos. Segundo o dirigente, o clube não tem nada a ver com essas proibições e que, para realizar esses atos, os torcedores precisariam de autorização com antecedência da Polícia Militar, tal qual é obrigado acontecer sempre que a torcida prepara algum tipo de mosaico.
“Tudo que entra no estádio tem que ser solicitado para a Polícia Militar, pois ela é fiscal do Estatuto do Torcedor, com 72 horas de antecedência. Ela responde com 48h ou um dia depois (da solicitação). O clube vive ‘brigando’ para entrar rádio de pilha e não pode. Tudo aquilo que se configura como algum tipo de comunicação visual dentro do estádio, seja mosaico ou faixa, tudo isso é com a Polícia Militar”, disse o diretor.
Veridiano ainda explicou que, para conseguir a montagem da manifestação, seja de qual tipo for, o torcedor precisa precisa solicitar à PM e enviar um layout informando que tipo de ato será feito.
“Isso é uma forma de segurança como também comercial para evitar de acontecer um grupo de torcedores entrando com faixas de uma marca. Essas mesmas camisas driblaram a Polícia Militar da última vez e entraram (no estádio) duas vezes. Entrada de faixas, de mosaico, seja o que for, tudo isso tem que ser aprovado. Precisam mandar um layout. O clube não tem gestão nenhuma sobre isso. Como estamos num momento ruim, difícil, então tudo acham que é o clube que está fazendo. O clube não tenta calar o torcedor de jeito nenhum”, finalizou.
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