CBF toma atitude drástica e causa apreensão em clubes da Série B; Entenda

A CBF (Confederação Brasileira de Futebol) tomou uma atitude que está causando apreensão em todos os clubes que estão disputando a Série B do Campeonato Brasileiro 2023. Na última terça-feira (2), a principal entidade do futebol brasileiro enviou um ofício aos 20 clubes, e um deles é o Ceará, informando que terão que usar o patch alusivo da competição nos uniformes. O problema é que o emblema tem a marca da Betano, que é a patrocinadora da disputa, mas os times têm seus próprios parceiros.

As casas de apostas estão cada vez mais fortes no mercado futebolístico brasileiro. Sucesso no País, as marcas patrocinam clubes e também competições. A Série B, por exemplo, tem a Betano como patrocinadora master e detentora dos naming rights, assim tendo incluído seu nome junto ao do campeonato. E é justamente isso que tem causado apreensão nos clubes.

A CBF enviou um documento oficial (veja abaixo). onde afirma que os times serão obrigados a usar um patch de referência à Série B na manga direita da camisa. Mas, A “dor de cabeça” é porque este brasão vai carregar a logo da Betano. A casa de aposta é a patrocinadora master da Segundona, mas cada um dos clubes dos 20 clubes tem um outro parceiro master, que também é uma casa de aposta, e inclusive têm cláusulas exclusivas contratuais sobre exclusividade.

“O objetivo de tal iniciativa visa valorizar ainda mais a competição, mediante padronização da identidade visual da Série B em conformidade com as demais competições nacionais organizada por essa entidade”, diz o ofício.

No caso do Ceará é a Estrela.bet, que é o maior patrocinador da história do clube. A parceria, inclusive, foi anunciada no fim de abril deste ano de forma oficial pelo presidente João Paulo Silva que revelou alguns detalhes do contrato, como o período de três anos, com o vínculo indo até abril de 2026, e que o investimento da casa de aposta no Vovô é de nada menos que R$30 milhões. A logo da casa da empresa fica estampada bem no centro da parte da frente da camisa do Vozão e também nas mangas.

Assim, há um grande tomar dentre os clubes por um possível rompimento de contrato devido à perda da exclusividade de exposição no uniforme do time.

Segundo divulgado pelo Globo Esporte, dirigentes de vários clubes entraram em contato com a CBF. Regina Sampaio, gerente jurídica da entidade, respondeu que os clubes devem “dissociar o patrocínio do uniforme de um title sponsor”. Title sponsor é um patrocinador que dá nome à competição, neste caso sendo Brasileirão Série B Betano.

“A Série B já tinha title sponsor com uma empresa de bet, que era a Sporting Bet. Substituímos, por uma questão de ruptura antecipada, pela Betano, que veio compor as receitas que vão integrar essa cota anual da Série B”, disse a advogada. “Em absoluto, a CBF não quer causar qualquer conflito entre patrocínio de uniforme e title sponsor. São propriedades absolutamente distintas, comercializadas pela própria CBF de forma distinta. Nós temos contratos de publicidade estática e contrato de title sponsor. O patch simplesmente reproduz o nome da competição e não quer, em absoluto, prejudicar clubes”.

PATROCINADORES DE CLUBES DA SÉRIE B SE POSICIONAM

Investindo altos valores nos clubes pela exclusividade no mercado bet, em empresas estão diariamente em contato com os dirigentes das equipes e, apesar de terem optado por não haver manifestação pública sobre o assunto para evitar rusgas comerciais com a CBF, as marcas têm pressionado para que essa ideia não seja levada a diante.

Em conversa exclusiva com o Globo Esporte, uma das patrocinadoras afirmou que os clubes já estão cientes que, caso não consigam barrar a imposição da CBF no uso do patch, elas têm formas legais para quebrar o contrato e até exigir que os clubes paguem o valor da multa rescisória.

“Nós entramos em contato com os clubes que patrocinamos e fomos muito honestos: se isto ocorrer, nós vamos buscar os meios legais para romper o contrato e quiçá exigir a multa, pela quebra da exclusividade”, argumentou o diretor de um dos patrocinadores.

Clubes e CBF ainda não se posicionaram oficialmente sobre a situação.