No Ceará desde 2020, Vina chegou a marca histórica pelo clube. Na partida do último sábado (6), contra o Botafogo, o meia completou 150 jogos realizados com a camisa alvinegra. Em entrevista exclusiva ao canal do YouTube do jornalista André Hernan, o atleta comentou alguns assuntos polêmicas, como críticas recebidas, fama de “badboy” e recente acusação de Tiago Nunes contra um jogador do clube cearense, por exemplo.
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O meia de 31 anos cada vez mais deixa seu legado em Porangabuçu. Maior artilheiro do clube em toda história da Série A, Vina completou 150 jogos com o uniforme preto e branco. Ele chegou ao Vovô em 2020 e, desde então, tem se destacado quando o assunto é gol e assistências. Sabendo da responsabilidade que tem por ficar em evidência, ele sabe que o torcedor alvinegro tem uma expectativa sobre ele para decidir partidas e, quando isso não acontece, a culpa maior e críticas recaem sobre ele. Mas, Vina afirma que não foge disso e que prefere “blindar” seu grupo, mesmo que a consequência seja ser alvo de julgamentos negativos.
“Tenho essa responsabilidade um pouco maior, tenho essa consciência. Lógico que nem todos os momentos são bons. Nos ruins, sou um dos primeiros a ser questionado, um dos primeiros que a torcida vai pegar no pé, mas vejo que se eu puder matar no peito e blindar meu grupo de jogadores, principalmente os mais novos, isso com certeza vou fazer”, disse o camisa 29.
Nesses três anos dele em Porangabuçu, foram 150 jogos, 45 gols e 30 assistências. O auge, tanto no clube como também em sua carreira, aconteceu em 2020. Quando ele foi eleito o melhor meia do Brasileirão, mandou a bola para o barbante em 23 oportunidades e participou com 19 passes decisivos. Naquela época, ele teve a oportunidade de deixar o Vovô. Foi sondado por equipes do Brasil e estrangeiras, mas optou por ficar. Já tendo conquistado uma Copa do Nordeste pelo Ceará, seu sonho agora é ir além. Mesmo entendendo que o clube precisa manter os pés no chão para não sofrer duras consequências no Campeonato Brasileiro, Vina acredita no potencial de seus companheiros de elenco para que, com ajuda da torcida alvinegra, o time possa ir em busca do título da Sul-Americana e, por consequência, gravar ainda mais seu nome na história do clube.
“Pelas coisas que vivi na minha carreira, eu tive a possibilidade de ter saído no meu ‘ano mágico’. Tive várias ligações e conversas. Mas não titubeei em momento algum, sempre dei preferência ao Ceará pela renovação. Para consolidar ainda mais o meu nome, (a Sul-Americana) é um título importante. Vejo muito dessa maneira e sempre falo que para entrar na história tem que ter títulos. Temos que pensar no Brasileiro também, porque nossa situação não é das melhores, mas vejo que com o elenco que a gente tem dá para chegar. Vamos fazer de tudo para buscar. (Sul-Americana) é um título mais palpável. O Brasileiro a gente sabe que ainda fica um pouco distante, mas a gente viu que nas copas dá para chegar. Conta muito o fator local. Nossa arena lotada, o ‘bafo’ que o nosso torcedor faz.. é algo que a gente tem que tirar proveito e é o que a gente vai fazer no jogo de volta contra o São Paulo. Mesmo a gente tendo perdido de 1 a 0, tenho que certeza que o nosso torcedor vai chegar, lotar o estádio e vai fazer a festa que sempre fazem. A gente está em busca disso, tudo é possível”, afirmou o meio-campista.
Já tendo passado por alguns problemas em antigos clubes e ter tido a fama de “badboy”, hoje ele utiliza erros cometidos para servir de exemplo aos jovens que estão subindo das categorias de base para o time principal do Ceará. Reconhecendo que são atletas de qualidade, ele entende bem seu papel de liderança e, sem querer parecer um cara chato, ele busca repassar os aprendizados que teve no decorrer de sua carreira.
“Os meninos da base do Vozão são meninos bons, de qualidade. A formação de atletas do Ceará tem crescido muito e a gente sabe que é importante esse papo, não só dos jogadores (mais experientes), mas também do treinador de ter esse ‘feeling’. Porque tem alguns jogadores que sobem, mas não estão 100% prontos e precisam da gente. Quando vejo que o menino quer escutar, eu falo mais, converso. Mas quando tento falar e vejo que nada mudou, sei que era o Vina da época”, disse o meia em relação à rebeldia de sua juventude, período em que tinha fama de “badboy”. “Não quero ser um cara chato. Eu aprendi escutando e errando, mas aprendi. Um caso aqui recente foi o Léo Chú, que não estava sendo relacionado para os jogos e estava cabisbaixo. Tinha treino que dava para ver que ele estava de saco cheio, chutava a bola.. Cheguei, tive uma conversa com ele, ele trabalhou e começou a ter a chance”, contou.
Afirmando não se arrepender de nada do que já aconteceu na sua vida profissional, Vina diz que vive no Vovô o grande momento de sua carreira e que a relação entre o clube, a torcida e ele é um “casamento”. Por se doar bastante em campo para honrar a camisa preta e branca, ele acredita ser visto de uma forma negativa pelos adversários.
“Não me arrependo de nada na minha carreira. Fui bem no Bahia, depois fui para o Atlético-MG, onde tive alguns problemas com a diretoria, e no Ceará foi onde cheguei no ápice. Quando recebi a proposta (do Ceará), tinha mais um ano de contrato com o Atlético-MG e poderia ter ficado, mas preferi aceitar esse desafio e hoje vejo que fiz a escolha certa na minha carreira. Dentro de campo, às vezes a gente acaba transparecendo que é mal, ‘nojento’. Eu visto a camisa, é o prato de comida da minha família, é o meu clube. Sei que sou visto por alguns como um ‘mala’. Eu vivo tudo e hoje é o Vina o Ceará. Isso eu faço questão de ver dessa forma. O Ceará foi onde as coisas realmente deram certo por uma série de fatores”, disse o meia.
Na semana passada, um caso se tornou polêmica no clube. Tiago Nunes, ex-técnico do Vovô, acusou um atleta do Alvinegro de não cometer faltas para evitar perder pontos em um game fantasy. Apesar de ter pedido desculpas e afirmar que se expressou de maneira errada, a situação tomou uma proporção muito grande. E, mesmo afirmando não ter se sentido ofendido com o que foi dito, Vina acredita saber de quem o treinador falou e que, mesmo sem intenção alguma, ele expôs o clube.
“Eu acho que sei de quem ele falou, mas se ele não falou eu não vou falar. Eu acho que não (acontecia isso), ele até se desculpou depois. Eu não vi a entrevista toda, até fiquei de mandar mensagem para ele por ter feito meu celular ‘bombar’, porque o que teve de gente fazendo essa pergunta para mim. Ele se equivocou, pediu desculpas. Com a gente (o grupo) ele sempre foi um cara verdadeiro, sempre falou na cara. Pode alguém ter ficado ofendido com aquilo, eu não fiquei. Ele falou do Ceará, isso que pegou mal. Ele não falou nome, a gente tem suposições, mas não abalou o nosso grupo”, finalizou Vina.
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