Com a queda do time masculino do Ceará para a Série B do Campeonato Brasileiro, o clube sofreu uma série de transformações que precisaram ser feitas, segundo a diretoria, para readequar os orçamentos e investimentos à nova realidade de 2023.
O problema é que muitos setores e departamentos, que vinham prosperando bastante nos últimos anos, foram os que mais sofreram, como o futsal e, principalmente, o time feminino do Alvinegro.
As meninas do Vozão foram campeãs da Série A2 do Brasileirão em 2022, conquistando um inédito acesso à elite do futebol feminino no país, após alguns anos batendo na trave.
Nos bastidores se sabe que muitas atletas queriam permanecer no clube, várias delas esperaram por várias semanas para ter uma resposta sobre o que seria do projeto agora com o acesso à Série A1. O Ceará tratou com descaso, desdém e com pouco interesse, obviamente culminando na saída de quase todo o elenco campeão de 2022.
Toda a falta de responsabilidade e interesse que vemos refletem claramente o péssimo início de temporada das meninas e, claro, elas não têm culpa!
É óbvio que a queda impacta em todos os setores e todos sabemos disso, porém o futebol feminino hoje ainda é “barato” de se fazer se compararmos ao masculino. Ano passado, quando o Vovô conquistou o título nacional e o acesso, o investimento mensal girava em torno de R$100 mil reais. Mesmo na Série B, o que é esse valor por mês para um clube como o Ceará? Não é nada.
E mesmo assim houve cortes brutais nos investimentos e descaso com as atletas campeãs que queriam um reconhecimento e marcar mais ainda seus nomes na nossa história.
Como torcedores, temos que pressionar a diretoria a contratar mais atletas, aumentar o investimento e tentar manter o time na elite do futebol feminino do Brasil. Elas estão no campo representando cada um de nós e se, por omissão e incompetência da diretoria, o time acaba goleado de forma impiedosa pelas adversárias, somos nós que também sofremos.
É bom lembrar que o Ceará manteve o time feminino não só por causa do artigo 71 do regulamento da CBF, que suspenderia o clube de qualquer competição organizada pela entidade por dois anos, mas também por pressão da torcida, já que na Serie B ainda não é obrigatório que o clube mantenha uma equipa feminino.
Que a nova diretoria possa voltar atrás e repensar esse elenco, apoiar as meninas e dar o suporte para que elas possam fazer bons jogos. Vale lembrar que temos no País alguns times que fazem frente aos melhores do mundo e, por isso, temos que ter um time forte para poder competir ao invés de “queimar” essas jovens atletas jogando-as numa competição com um nível extremamente alto enquanto muitas ainda são meninas com idades entre 14 e 17 anos e que deveriam estar na base evoluindo para dar frutos ao clube num futuro próximo.
Esse é meu desabafo como torcedor do Ceará. Respeitem nossas atletas! Respeitem o nosso time feminino!
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